4 de julho de 2011

Freima com uma freira


Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
se no nome, que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
se me dais esse favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor.

(Décima; Gregório de Matos)

Obs.: Nos comentários deixei uma nota sobre minha atual ausência.
Obrigado.

20 de junho de 2011

Mistura boa


Despido do jargão, o que o psicólogo Alfred Adler disse foi isto: o perfeito esquizofrênico - se existisse tal pessoa - seria um homem ou uma mulher não apenas inconsciente de sua(s) outra(s) persona(e), mas inconsciente de que houvesse qualquer coisa falha em sua vida. Adler deveria ter conhecido Detta Walker e Odetta Holmes. (...)

(Odetta) - educadíssima, delicada, uma verdadeira Dama - Fechou os olhos por um instante e esfregou as têmporas. Podia sentir uma de suas dores de cabeça chegando. Às vezes elas ameaçavam, como uma sinistra formação de nuvens de trovoada numa tarde quente de verão, e depois se dissipavam (...)
Achou, contudo, que daquela vez a tempestade iria acontecer. Chegaria completa, com trovão, relâmpago e pedras de granizo do tamanho de bolas de golfe. (...)
Às vezes Odetta desaparecia. Esses desaparecimentos podiam levar horas ou dias. (...)
Na realidade, Odetta não suspeitava absolutamente de Detta e Detta não fazia a menor idéia da existência de alguém como Odetta... mas Detta tinha pelo menos uma clara compreensão de que alguma coisa estava errada, que alguém estava fodendo sua vida.(...)


(...) e seu pênis, que pouco antes fora um lívido ponto de exclamação brotando de emaranhado de tufos de seus pêlos pubianos, estava desmoronando num débil e branco ponto de interrogação; e ela pensou "bem, acho que ele ainda não fez o bastante para afetar os alicerces desta casa" e rindo e pressionando o dedo (que agora vinha equipado com uma unha comprida) em sua vagina (...), e então o mesmo estalo nervoso irrompera dentro dela, o que foi tão doloroso quanto gostoso (melhor, muito melhor que nada), e então ele estava estendendo cegamente os braços para ela e dizendo num tom ferido e entrecortado "ah sua maldita boceta negra" ela continuava rindo do mesmo jeito, esquivando-se facilmente dele e puxando a calcinha e abrindo a porta do seu lado do carro (...)

A mulher esperava o trem A. Apenas uma bela jovem negra, de calça jeans e camisa cáqui.
Alguém a havia empurrado.
Ela tentou rastejar para o lado, mas não houve tempo e o famoso trem A entrou guinchando na estação (...) E as rodas de aço do famoso trem A cortaram as pernas vivas da moça de cima dos joelhos para baixo. (...)
As últimas palavras da jovem negra antes de desmaiar tinham sido: QUEM FOI O SAFADO ? VOU ENCONTRAR ELE E LHE DAR UM TIRO NO CU ! (...)
- O que houve comigo ? - perguntou ela.
George se lembrou do homem que contara a outro homem o que ela supostamente teria dito (como acharia o filho-da-puta e lhe daria um tiro no cu etc. etc.) George concluiria que isso fora pura invenção. Tratava-se, afinal, de uma mulher culta, inteligente.
Os olhos se fecharam de repente e George achou que ela iria tornar a dormir. Ele havia se deslocado um pouco para a esquerda, para verificar de novo sua pulsação, quando ela abriu os olhos mais uma vez. E nesse momento ele teve a impressão de estar olhando para outra mulher.
- Cunsiguiram pegá a porra daquele safado ? Bom. Di qualqué jeitu num importa si u cara correu. Eu pego ele. Corto o piru dele. Fiodaputa! Tu num sabi u qui vô fazê cum aquele fiodaputa! Eu te digo uma coisa, sua porra de médico!
Os olhos dela tornaram a se fechar. George pensou "nos falaram de traumatismo, mas ninguém mencionou esquizofrenia como uma das..."
Os olhos se abriram de novo. A primeira mulher voltara. Ela deu um sorriso breve. Um sorriso doloroso. (...)


(...) e a mudança nos olhos da Dama fez Eddie constatar que a diferença entre os dois era muito mais que meramente a cor. (...)

- Por que vocês não comem o PAU um do outro ? Pru qui não fazem logo isso se tão cum medo da boceta duma preta ? Andi logo com isso ! Ô ! Chupa u mastru um du ôtru. (...)
- A risada qué dizê qui cês cabaram mesmo conseguindo sacudi a velinha um do otro ? - E então Detta gritou naquele tom rouco, debilitado: - Quando vão enfiar um no outro ? Isso é que eu quero ver ! Quéru vê cês infiânu !


(...) Ela se virou, o rosto brilhando de suor, e concedeu-lhe um sorriso que ao mesmo tempo tirou e deu forças a Eddie. (...)

(...) Ela deu uma risada curta e tocou na mão dele. Eddie sentiu uma espécie de descarga elétrica saltar do corpo dela para o seu. E sem dúvida era Odetta. (...)


(Trechos de A Torre Negra Vol. II - A Escolha dos Três; Stephen King)

E o Anatomista que aqui está, quando, há um tempo, conheceu Detta Walker e Odetta Holmes, pensou:
"De Odetta Holmes a Detta Walker: uma mulher e tanto..."

Que nossas persone sejam miscelânea homogênea !!!

10 de junho de 2011

Ciclo

Bebo sua sede...


... e me torno a sua.

7 de maio de 2011

Desesperado

Definir o belo é fácil: é aquilo que desespera. (Paul Valéry)


Desde a primeira vez que li isso não consegui entender.
Talvez porque eu esteja muito desesperado pra isso.
Ainda mais agora.

26 de abril de 2011

Espelho, espelho meu

  
 
               A evolução no Homem                                                          nemíH on oãçulove A

      Uma em vários dias, milhões de anos                                 Outra em uma noite, milhões de ânus
      Numa o Homem cada vez mais ereto                                 Noutra o cada vez mais ereto é outro
                Uma tem auge formal                                                          Outra tem auge animal

25 de abril de 2011

Navegar é preciso


Navego pela baía de tuas pernas
Pelo teu recife de coral iridescente
E seguindo o brilho que meus dedos veem
No ostreário, aperto acolchoado
Encontro tua pérola
E perco minha mente

20 de abril de 2011

Na moral


Nunca notei Mal
Nesse negócio de carnal

16 de abril de 2011

Presentes desejos e presentes delírios

Estou aqui pra compatilhar dois lindos presentes que ganhei de Crys, do blog "Desejos e Delírios" (http://desejosedeliriospoesiassensuais.blogspot.com).
Minha querida Crys, estou sentindo-me extremamente lisongeado e acariciado por você através desses teus selinhos. Receberá minhas visitas sempre, já que muito me agrada ler-te.
Excito-me e delicio-me com selinhos teus.


Tenho a tarefa de indicar alguns blogs pra receberem os presentes. Farei isso da seguinte forma: listo 6 blogs, e receber um ou outro ou ambos os selos fica a critério de cada um.

Primeiramente, a magnífica notícia de que o meu blog tem um ótimo conteúdo ! Farei jus a isso, Crys, sempre.


O segundo selo me veio muito bem a calhar, porque - não sei se todos sabem - já fui vítima de um mau-olhado que se manisfestou pra mim aqui no blog... E mesmo que o caso tenha sido um engano, eu realmente não gostaria de enfrentar situação similar novamente.


E meus selinhos vão para:

13 de abril de 2011

Dia Internacional do Beijo


Delicado botão que em suave sucção
Torna o ar, impalpável por olhos,
Som que acaricia a audição.

Contato de limites que se dão;
O paladar, seguindo no negrume;
À frente, alvos do coração.

Sentidos em fila unidos vão;
Olhos e língua agora no breu,
E o tato deixa a imaginação.

Sensações contrárias só na direção;
Línguas lambem lúbricas em luau;
Entrada e saída não há mais então.

Duas vozes caladas na união;
Cheiro ofegante no calor;
Almas se encontram por emanação.

10 de abril de 2011

Calendário


Era manhã de setembro
e
ela me beijava o membro

(O amor natural - Era manhã de setembro; Carlos Drummond de Andrade)


Era manhã de outrubro
e
ela me lambia o rubro

Era manhã de novembro
e
ela é de quem me lembro

Era manhã de dezembro
e
ela em meu caule de cembro

Era manhã de janeiro
e
ela me fazia faceiro

Era manhã de fevereiro
e
ela se fazia meu puteiro

Era manhã de março
e
ela me livrava de camarço

Era manhã de abril
e
ela aos outros pareceria vil

Era manhã de maio
e
ela era a medida do meu raio

Era manhã de junho
e
ela engolia meu punho

Era manhã de julho
e
ela com função de embrulho

Era manhã de agosto
e
ela com meu gosto no rosto

(...)

E como diria Cazuza, "o tempo não para"...


8 de abril de 2011

Caluda, mas só a polidez


Fodamos, meu amor, fodamos presto,
Pois foi para foder que se nasceu,
E se amas o caralho, a cona amo eu;
Sem isso, fora o mundo bem molesto.

Fosse foder após a morte honesto,
“Morramos de foder!” seria o meu
Lema, e Eva e Adão fodíamos por seu
Invento de morrer tão desonesto.

É bem verdade que se esses tratantes
Não comessem do fruto traidor,
Eu sei que ainda fodiam-se os amantes.

Mas caluda e me enfia sem temor
Esse pau que à minha alma, em seus rompantes,
Faz nascer ou morrer, dela senhor.

                            E se possível for,
Quisera eu pôr na cona esses colhões
Que de tanto prazer são espiões.

(Sonetos luxuriosos - 9; Pietro Aretino)

4 de abril de 2011

Entrando no túnel

Ali ela aguarda paciente
Junto de outros também
O fim de seu dia é Sol
Depois de muito vaivém

Todos ali pagaram o serviço
Da estação usando de vintém
Metáfora do corpo dela
Que se deu como ninguém

Agora denotação ela quer
Do que há anos lhe mantém
O túnel preenchido por inteiro
Conotação em outras mentes tem

Então chegam os vagões a vagar
Beatice real, onírico harém
Nesse aperto presto de Baco
Ancas e mãos, contidas e contêm

Visão metonímica de corpos
Hipocrisia que só traz porém
Ela violada como de costume
Um padre sorri e pensa amém

E entre conas e cus e paus e bocas
Uma voz suave, soando suada vem
"Próxima estação: Sé
Desembarque pelo lado esquerdo do trem"


28 de março de 2011

Vem ?


É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:

Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:

À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!

Para carvalho ser falta-lhe um U;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.

(Soneto do pau decifrado; Bocage)

23 de março de 2011

Que o ventre cálice em nós delirante, gotejamento insinuante

              Eu                                                                                                                       Ela
               Eu                                                                                                                     Ela
                 Eu                                                                                                                Ela
                    Eu                                                                                                          Ela
                       Eu                                                                                                    Ela
                         Eu                                                                                               Ela
                           Eu                                                                                         Ela
                              Eu                                                                                   Ela
                                  Eu                                                                          Ela
                                     Eu                                                                    Ela
                                        Eu                                                             Ela
                                           Eu                                                     Ela
                                              Eu                                               Ela
                                                 Eu                                         Ela
                                                    Eu                                   Ela
                                                       Eu                             Ela
                                                           Eu                     Ela
                                                               Eu             Ela
                                                                  Eu       Ela
                                                                      Eu  Ela
                                                                       EuEla
                                                                        Eula
                                                                        Eua
                                                                         Ea
                                                                          N
                                                                          ó
                                                                          s
                                                                          .
                                                                          .
                                                                          .

19 de março de 2011

Patriotismo

Em teu seio, ó Liberdade



Idolatrada,
Salve! Salve!



Terra adorada



Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores



"Nossa vida" no teu seio "mais amores"



(Trechos do Hino Nacional Brasileiro)

13 de março de 2011

Nada



Você é a Alma da boa conversa.
A pausa que costura por entre as vozes.
Silêncio de pensamento, busca, compreensão;
Silêncio de quem se importa;
Silêncio que preenche o Tudo das palavras.
Bonito é o Nada das palavras, que me toca;
Morada imaterial onde está minha audição.
E, aliás, o que é o silêncio ?
Nada

Você é a ponte entre minha fantasia e meu desejo,
O Infinito entre meu desejo e minha satisfação.
Desejo é como o fogo e satisfação é como o ar:
Se relacionam sempre em mútuo consumo.
São seu próprio início e fim entre si.
Se nunca satisfação, sempre desejo; desafio !
Se nunca desejo, sempre satisfação; tédio...
E o que há nesse Infinito ?
Nada

Você é a Música que adentra em mim sem licença;
Encontro sem procura, sem um quê;
Felicidade, então.
Meu corpo é o instrumento musical tangido por você,
Minha alma é vibração vívida em sua resposta.
E o que, enquanto lhe ouço...
Me faz sorrir, chorar, querer, sonhar ?
Me faz correr, pular, voar, gritar ?
Nada

Nossos corpos são como dias e noites,
Que nascem e morrem entre si.
Nossa união é crepúsculo, então.
Quando o tecido do tempo enruga-se, e as cores correm no céu.
Quando o Sol preme-se iridescente, iriado na siririca das águas.
Assim como o Sol é impalpável pelo mar, dentro dele,
No gozo, não há meu nem seu, dentro de nossas mentes.
E o que há entre Sol e mar ?
Nada

Você é o horizonte pra onde caminho sem chegar,
A Graça de andar sem nunca parar, nunca parar...
Se eu parasse, é porque me encontrei com tudo;
Não há mais o que me mova, porque cheguei.
Já sei, já senti, já, já, já, Tudo.
Eu quero ainda, ainda, ainda.
Eu quero o Nada, porque não o sei nem o senti.
E o que faz do horizonte inalcançável ?
Nada

Você é o Universo, tão belo, tão belo.
Beleza de Infinito;
Infinito de imaginação;
Imaginação de fantasia;
Fantasia de desejo;
Desejo de satisfação;
Satisfação de nunca.
E o Universo só é Beleza enquanto ?
Nada

Que nunca nos conheçamos,
Pois seria encontrar Tudo dentro de nós.
Que sejamos, em nós, rodeados de Nada;
Que, em presença um do outro, nunca nos saibamos.
Não sei quem sou, nem quero saber;
Não sei quem é você, nem quero saber.
Se os souber, não haverá mais porquê.
Acredito que no Amor nos joguemos véus de
Nada



Cessa o teu canto!
Cessa o teu canto!
Cessa, que, enquanto
O ouvi, ouvia
Uma outra voz
Como que vindo
Nos interstícios
Do brando encanto
Com que o teu canto
Vinha até nós.


Ouvi-te e ouvi-a
No mesmo tempo
E diferentes
Juntas cantar.
E a melodia
Que não havia,
Se agora a lembro,
Faz-me chorar.

(Cancioneiro; Fernando Pessoa)







Tem mais presença em mim o que me falta.

(Livro sobre nada; Manoel de Barros)

10 de março de 2011

Selo "Miau !"


Recebi mais este selo de duas pessoas que me transmitem "o que a um deus acrescenta o amor terrestre". Verdadeiros pedacinhos de Felicidade:
Anne, do blog SeDutoRa....AnNe (http://amorsexoprazertesomeusdesejos.blogspot.com/)
e Lollis Riviera, do blog Meu Altar Particular (http://divinosegredo.blogspot.com/).
Agradeço sem escalas.

Devo postar um vídeo com alguma música de que gosto muito. Pra mim essa é uma tarefa muito difícil, mas aqui vai:


Agora devo listar cinco blogs que merecem miados, lambidas e arranhões (não listarei Lollis e Anne porque foram as que me passaram o selo):

1) Alice - http://agorasoualice.blogspot.com/
2) Crys - http://desejosedeliriospoesiassensuais.blogspot.com/
3) Nathy - http://puraobstinacao.blogspot.com/
4) Morena - http://fantasiascomnos.blogspot.com/
5) Amor & Sexo - http://arte-do-sexo.blogspot.com/

Selo "Stylish Blogger Award"


Recebi este delicioso selo da REBELDE, do blog REBELDE INQUIETUDE(http://rebeldeinquietude.blogspot.com/), que tanto me encanta, excita, me faz desejar e voar muito alto.

Devo listar aqui sete coisas que me definam. Isso é impossível; definição é algo impossível. Palavras são muito aquém em algo assim. Mas vou tentar mesmo assim, porque é gostoso brincar de impossível:

1) Gosto das coisas simples: um abraço, um sorriso, um olhar, uma brincadeira, um descompromisso, uma piada.


2) Não consigo viver sem música.

3) Sou muito aquático; adoro nadar, me delicio com fluidos...

4) Gosto de ajudar as pessoas.

5) Sempre ponho um ponto de interrogação no final de frases famosas.

6) Quero sempre me descobrir mais do que me imagino.

7) Sou o idiota das cartas de Amor, o louco dos momentos de escolha e o vitorioso que ganha de si mesmo.


Agora devo indicar quinze blogs, mas listarei só esses:

1) Lollis Riviera - http://divinosegredo.blogspot.com/
2) Alice - http://agorasoualice.blogspot.com/
3) Sedutora Anne - http://amorsexoprazertesomeusdesejos.blogspot.com/
4) Crys - http://desejosedeliriospoesiassensuais.blogspot.com/
5) Felídeo - http://12345sentidos.blogspot.com/
6) Amor & Sexo - http://arte-do-sexo.blogspot.com/
7) Nathy - http://puraobstinacao.blogspot.com/
8) Morena - http://fantasiascomnos.blogspot.com/
9) Mel dupla personalidade - http://melduplapersonalidade.blogspot.com/
10) Mel dupla personalidade - http://mel-pimentaemimagens.blogspot.com/
11) Lalisca - http://laliscaonly.blogspot.com/
12) NobreSol - http://nobresol-palavrassoperfumes.blogspot.com/
13) Escrava Do Teu Amor - http://escravadoteuamor.blogspot.com/

8 de março de 2011

Obrigado


Ao pensar nas mulheres, não consigo pensar.
É o pensamento que termina dele e nele mesmo.
Então nem pensamento é.
E o pensar me faz chamar de algo o que não é.
E o que é ?

Sensação.
Não se pensa sensação.
Não se planeja sensação.
Não se conjectura sensação.
Sensação se sente.

E o que faz dos momentos os melhores
São as sensações, o não pensar,
O infinito momentâneo, coisa de não pensar;
Quando os produtos do pensamento
São inexistência efêmera.

Ao pensar nas mulheres, não consigo pensar.
Pensar é coisa de pensar.
Conseguir é coisa de pensar.
Não.
Não.

Mulheres...
Não mais penso...
Felicidade, então !


                                                                                                             Mulheres, quem agradece sou eu.

5 de março de 2011

Aforismo

Autocontrole é o que há...


... enquanto se tem.

2 de março de 2011

A elas agradeço com louvor


"Mulheres: ruim com elas, pior sem elas."


"Ruim" !? "Pior" !? Quem foi o(a) imbecil que disse isso !?

28 de fevereiro de 2011

Louvor


Céu do meu divino
Me embebe com a tua chuva
Passagem entre meus pés no chão
E minha mente livre no Universo

26 de fevereiro de 2011

No avanço até mim


O teu adiante
O meu ante
O teu consequentemente
O meu primeiramente
O teu a posteriori
O meu a priori
O teu portanto
O meu enquanto
O teu enfim
No avanço até mim

24 de fevereiro de 2011

Cultivo


Sou o Sol do teu verão
Com minha irradiação te causo gutação
Estou diante de ti em solstício
Dias mais longos, eu em frequência de vício
Mas és de dia curto e sabes do dano reluzente
Ficas na sombra, com saúde de quem é independente
Estarei sempre lá, mesmo em equinócio
Quando sou suficiente pra te livrar do ócio
Mas és de dia curto, não precisas tanto de mim
E prefiro que seja assim

22 de fevereiro de 2011

Um ponto de vista

Nanna - Fiquei unha e carne de uma burguesa rica, uma bela mulher casada com um mercador importante, jovem, bonito, bom de conversa e tão apaixonado por ela que sonhava à noite com o que ela iria querer no dia seguinte. Um dia em que eu estava com ela em seu quarto, por acaso dei uma olhada num quartinho e vi um não sei quê passar rapidamente pelo buraco da fechadura.
Antonia - O que era ?
Nanna - Espiei pelo buraco e vi um não sei quem.
Antonia - Essa é boa.
Nanna - A amiga percebeu que eu espiara, e eu percebi que ela percebeu que eu espiara. Ficamos olhando uma para a outra e eu lhe digo: "Quando é que volta seu marido, que partiu ontem para o campo ?" "Quando Deus quiser", ela respondeu, "mas, se dependesse de mim, não voltaria nunca mais." "E por quê ?", pergunto. "Pelo mau ano e a má Páscoa que Deus dê a quem disser alguma coisa. Ele não é o que pensam, juro por esta cruz", e beijou os dedos em forma de cruz. "Como não ?", digo, "Todos a invejam. De onde vem esse seu dissabor ? Conte-me, se for possível." "Quer que diga em letras de forma ? Por fora, bela viola, mas só me deixa a ver navios. Como diz o evangelho, 'nem só de pão vive o homem'." Vendo que ela tinha razão para dar e vender, digo: "Você é sábia; a vida é curta." "E, para que veja como sou sábia", disse ela, "vou mostrar minha engenhosidade." Abriu a porta do quartinho e me fez tocar com a mão um que, pelos meus cálculos, tinha a coisa maior que o corpo. E, para provar, ali mesmo, deitou-se sobre ele, e matou dois coelhos com uma só cajadada, seu forno engoliu a chaminé e se regalaram com dois assados em um só fogo. Ela disse: "Prefiro que me saibam puta e satisfeita, a honesta e desesperada."



(Trecho do segundo dia em Pornólogos I, de Pietro Aretino)

21 de fevereiro de 2011

Como uso um dicionário

Blesidade (segundo o Houaiss 2009)

Substantivo feminino;
Rubrica: foniatria;

Defeito ou conjunto de defeitos da fala, que consiste em substituir sistematicamente uma ou mais consoantes por outras, devido à dificuldade em articulá-las.


Sinônimos/Variantes: balbuciação, balbúcie, balbuciência balbucio, ceceio, dislalia, lambdacismo, mogilalismo, nasalação, rotacismo, sigmatismo, zetacismo, zezeísmo, gaguez.



Então seja o motivo da minha blesidade enquanto eu sou o motivo da sua...

20 de fevereiro de 2011

Selo "Água na Boca"


Recebi a agradável notícia de que meu blog dá água na boca ! Notícia que, aliás, recebi de donas de blogs que me dão água na boca também. Crys, do blog "Desejos e Delírios" e Sedutora Anne, do blog SeDutoRa....AnNe me vieram com esse belo presente.
Me sinto honradíssimo de estar na lista de Crys e Anne. Muito obrigado, minhas queridas, que me dão tanta água na boca. E sintam-se sempre à vontade em minha casa.

Devo listar três coisas que me dão água na boca. Isso vai ser difícil, já que são tantas que me causam isso, mas farei esse sacrifício com imenso tesão.
Além disso, devo listar aqui dez blogs para repassar o selo. Apesar de Crys e Sedutora Anne (ou mesmo outros) já terem o selo, estarão na lista mesmo assim.


- Três coisas que me vertem saliva:

 
Nossos tatos e paladares tendo uma conversa lasciva
 
Sentir tua voz no silêncio
 
Me lambuzar e beber tua essência


19 de fevereiro de 2011

Pego aperto aliso tapa esfrego tapa afago



No corpo feminino, esse retiro
- a doce bunda – é ainda o que prefiro.
A ela, meu mais íntimo suspiro
pois tanto mais a apalpo quanto a miro.

Que tanto mais a quero, se me firo
em unhas protestantes, e respiro
a brisa dos planetas, no seu giro
lento, violento... Então, se ponho e tiro

a mão em concha - a mão, sábio papiro,
iluminando o gozo, qual lampiro,
ou se, dessedentado, já me estiro,

me penso, me restauro, me confiro,
o sentimento da morte eis que adquiro:
de rola, a bunda torna-se vampiro.

(No corpo feminino, esse retiro; Carlos Drummond de Andrade)