28 de fevereiro de 2011

Louvor


Céu do meu divino
Me embebe com a tua chuva
Passagem entre meus pés no chão
E minha mente livre no Universo

26 de fevereiro de 2011

No avanço até mim


O teu adiante
O meu ante
O teu consequentemente
O meu primeiramente
O teu a posteriori
O meu a priori
O teu portanto
O meu enquanto
O teu enfim
No avanço até mim

24 de fevereiro de 2011

Cultivo


Sou o Sol do teu verão
Com minha irradiação te causo gutação
Estou diante de ti em solstício
Dias mais longos, eu em frequência de vício
Mas és de dia curto e sabes do dano reluzente
Ficas na sombra, com saúde de quem é independente
Estarei sempre lá, mesmo em equinócio
Quando sou suficiente pra te livrar do ócio
Mas és de dia curto, não precisas tanto de mim
E prefiro que seja assim

22 de fevereiro de 2011

Um ponto de vista

Nanna - Fiquei unha e carne de uma burguesa rica, uma bela mulher casada com um mercador importante, jovem, bonito, bom de conversa e tão apaixonado por ela que sonhava à noite com o que ela iria querer no dia seguinte. Um dia em que eu estava com ela em seu quarto, por acaso dei uma olhada num quartinho e vi um não sei quê passar rapidamente pelo buraco da fechadura.
Antonia - O que era ?
Nanna - Espiei pelo buraco e vi um não sei quem.
Antonia - Essa é boa.
Nanna - A amiga percebeu que eu espiara, e eu percebi que ela percebeu que eu espiara. Ficamos olhando uma para a outra e eu lhe digo: "Quando é que volta seu marido, que partiu ontem para o campo ?" "Quando Deus quiser", ela respondeu, "mas, se dependesse de mim, não voltaria nunca mais." "E por quê ?", pergunto. "Pelo mau ano e a má Páscoa que Deus dê a quem disser alguma coisa. Ele não é o que pensam, juro por esta cruz", e beijou os dedos em forma de cruz. "Como não ?", digo, "Todos a invejam. De onde vem esse seu dissabor ? Conte-me, se for possível." "Quer que diga em letras de forma ? Por fora, bela viola, mas só me deixa a ver navios. Como diz o evangelho, 'nem só de pão vive o homem'." Vendo que ela tinha razão para dar e vender, digo: "Você é sábia; a vida é curta." "E, para que veja como sou sábia", disse ela, "vou mostrar minha engenhosidade." Abriu a porta do quartinho e me fez tocar com a mão um que, pelos meus cálculos, tinha a coisa maior que o corpo. E, para provar, ali mesmo, deitou-se sobre ele, e matou dois coelhos com uma só cajadada, seu forno engoliu a chaminé e se regalaram com dois assados em um só fogo. Ela disse: "Prefiro que me saibam puta e satisfeita, a honesta e desesperada."



(Trecho do segundo dia em Pornólogos I, de Pietro Aretino)

21 de fevereiro de 2011

Como uso um dicionário

Blesidade (segundo o Houaiss 2009)

Substantivo feminino;
Rubrica: foniatria;

Defeito ou conjunto de defeitos da fala, que consiste em substituir sistematicamente uma ou mais consoantes por outras, devido à dificuldade em articulá-las.


Sinônimos/Variantes: balbuciação, balbúcie, balbuciência balbucio, ceceio, dislalia, lambdacismo, mogilalismo, nasalação, rotacismo, sigmatismo, zetacismo, zezeísmo, gaguez.



Então seja o motivo da minha blesidade enquanto eu sou o motivo da sua...

20 de fevereiro de 2011

Selo "Água na Boca"


Recebi a agradável notícia de que meu blog dá água na boca ! Notícia que, aliás, recebi de donas de blogs que me dão água na boca também. Crys, do blog "Desejos e Delírios" e Sedutora Anne, do blog SeDutoRa....AnNe me vieram com esse belo presente.
Me sinto honradíssimo de estar na lista de Crys e Anne. Muito obrigado, minhas queridas, que me dão tanta água na boca. E sintam-se sempre à vontade em minha casa.

Devo listar três coisas que me dão água na boca. Isso vai ser difícil, já que são tantas que me causam isso, mas farei esse sacrifício com imenso tesão.
Além disso, devo listar aqui dez blogs para repassar o selo. Apesar de Crys e Sedutora Anne (ou mesmo outros) já terem o selo, estarão na lista mesmo assim.


- Três coisas que me vertem saliva:

 
Nossos tatos e paladares tendo uma conversa lasciva
 
Sentir tua voz no silêncio
 
Me lambuzar e beber tua essência


19 de fevereiro de 2011

Pego aperto aliso tapa esfrego tapa afago



No corpo feminino, esse retiro
- a doce bunda – é ainda o que prefiro.
A ela, meu mais íntimo suspiro
pois tanto mais a apalpo quanto a miro.

Que tanto mais a quero, se me firo
em unhas protestantes, e respiro
a brisa dos planetas, no seu giro
lento, violento... Então, se ponho e tiro

a mão em concha - a mão, sábio papiro,
iluminando o gozo, qual lampiro,
ou se, dessedentado, já me estiro,

me penso, me restauro, me confiro,
o sentimento da morte eis que adquiro:
de rola, a bunda torna-se vampiro.

(No corpo feminino, esse retiro; Carlos Drummond de Andrade)

18 de fevereiro de 2011

Breves mortes


O caso onde são mortas as fomes
De quem garfa e de quem é prato;
De quem bebe e de quem é copo.

17 de fevereiro de 2011

Minha Terra


Sou a atmosfera que envolve teu relevo,
E tal qual a Natureza bolina o vento,
Te toco segundo são tuas formas sinuosas;
Briso onde são teus brandos campos;
Me demoro a te erodir onde são teus vales;
Voo a te esculpir em tuas protuberâncias.
A evapotranspiração da tua hidrografia
Colide com a minha umidade.
Precipito-me em ti segundo são tuas temperaturas;
Garoo onde é teu brando clima;
Chovo onde teu calor te distorce;
Tempestuo em teu equador;
Te faço maremotos, tufões e tornados
Enquanto tudo gira ao teu redor
Entre períodos de escuridão e luminosidade...


15 de fevereiro de 2011

Outra fidelidade



Que seja infinito enquanto duro.

14 de fevereiro de 2011

Dia Internacional do Amor

Nas pautas de minha alma sob a luz tudo é Amor


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Antologia Poética - Soneto de Fidelidade, Vinicius de Moraes)

13 de fevereiro de 2011

Regência


Ah... Deixa minha batuta reger tua música
Preenche teu harmonioso som com minhas cordas tesas
Sintonizemos nossa execução nos movimentos
Lambuza tua sinfonia com notas do meu mel...

11 de fevereiro de 2011

A Fonte de Elixir


Tua Beleza furtava-se de mim em minha mente
Tal qual o formato das nuvens num lindo céu de algodão
No algodoal, tuas palavras, me deitava tranquilamente
Sublime em teu céu de borboletas de condão

Das pequenas aladas mal sabia eu
Posto que, entre nuvens, não as via
Mas estando ali, eis a hora em que vi teu gineceu
E a cadência voadora que em teu corpo jazia

Tua carne celeste de alados a drapejar
Bucólica infinita de flor
E além de tua delicada pele a nuvear
Tens uma alma-universo que me livra da dor

Por entre as estrelas de teu olhar
Chora a chuva que enche tua Fonte de Elixir
Em ti me encharco a nadar
E me seco em todo o teu onde a tremeluzir

Minha Garota, passeio em teu campo tribal
Sinto como teu vulcanismo cardíaco bate
E de teu delicado e sutil cacau
Bebo o mais doce e feérico Chocolate

Cacofonia sinfônica


Essa fada...
Essa fadinha...

10 de fevereiro de 2011

Sim ?


Rocemos o gosto de nossas vozes no silêncio...

Sutilidade

Tratava-se, naturalmente, de um baile propício para a sedução; as regras eram estas: se uma dama não estivesse interessada em nenhum cavalheiro, a saída diplomática consistia em convidar um homem casado para dançar. Se, em contrapartida, escolhesse um homem solteiro, ficavam claras as suas intenções. Por outro lado, existiam normas em torno do beijo; se a dama roçasse de leve a face do cavalheiro, não tinha outro propósito senão dançar e divertir-se um pouco; ao passo que um beijo afetuoso e sonoro indicava intenções mais ou menos formais, por exemplo, de matrimônio. Mas se o beijo roçasse os lábios do cavalheiro, mostravam-se claramente os propósitos lascivos da dama: era um convite direto ao sexo.

 


(Trecho de O Anatomista, de Federico Andahazi)

9 de fevereiro de 2011

Olfato

Às quatro, a tribuna começou a se encher. (...) Toda a aristocracia da cidade estava presente. (...) A hora tornava-se solene.
(...) Descendo a Rue Droite, vinha uma carruagem fechada, puxada por dois cavalos - a carruagem do delegado de polícia. (...) Muitos acharam até que a encenação da entrada fora adequada. Um criminoso tão incomumente horrendo merecia um tratamento incomum. Não se podia arrastá-lo em correntes até a praça, como um assaltante ordinário. Tirá-lo da carruagem e levá-lo para a cruz de Santo André - isso era de uma crueldade incomparavelmente mais imaginosa.
(...) Grenouille desceu da carruagem como um homem livre.
Foi quando aconteceu um milagre. Ou algo parecido com um milagre, ou seja, algo de tal modo inconcebível, inimaginável e incrível que todas as testemunhas o teriam depois classificado como milagre, se por acaso tivessem alguma vez falado sobre isso (o que não aconteceu, pois mais tarde todos se envergonharam de sequer terem participado disso). (...)
Todos ficaram fracos como mocinhas submetidas ao sedutor charme do namorado. Sobreveio-lhes um poderoso sentimento de simpatia, de delicadeza, de fantástica amorosidade infantil, sim, sabe Deus, de amor por esse pequeno assassino, e não queriam, não podiam fazer nada contra isso. (...)
O povo entregava-se, entrementes, cada vez mais desavergonhadamente à incrível embriaguez dos sentidos. (...)
A consequência foi que a planejada execução de um dos criminosos mais merecedores da abominação em sua época acabou redundando no maior bacanal que o mundo havia visto desde o segundo século antes de Cristo: pudendas senhoras rasgavam as blusas, soltavam com histéricos gritos os seus seios, jogavam-se no chão com as saias puxadas para cima. Homens tropeçavam com olhares errantes pelo campo da lasciva carne exibida, puxavam, com os dedos a tremer, para fora das calças os seus membros endurecidos, duros como se estivessem sido congelados por uma geada invisível, saíam chiando, gemendo em qualquer lugar, copulavam mas mais impossíveis posições e combinações, velho com virgem, jornaleiro com mulher de advogado, aprendiz com freira, jesuíta com mulher de maçom, tudo misturado, conforme o acaso dispusesse. O ar estava pesado com o doce cheiro do suor do desejo e barulhento com a gritaria, com os grunhidos e gemidos dos dez mil animais humanos. Era infernal.


(Trecho de O Perfume, de Patrick Süskind)

   
(Trecho do filme Perfume - A História de um Assassino, baseado no livro)

7 de fevereiro de 2011

Com prazer


Causo um choque térmico em teu coração...


...e beijo-te com a tua boca.

O Pássaro Deífico




A palavra tem o poder de nos criar imagens
A palavra tem o poder de mexer com o corpo
Tuas palavras dormem em mim
E acordam por vezes brandas, por vezes agitadas
Criavam em mim uma ideia mutável e furtiva

Não sei como, nem de onde
Pousava em meu ombro um Pássaro Deífico
E tal qual os hemisférios se perseguem no passar dos dias
Assim era eu com teu rosto e corpo alados

E então, sem procurar o achei
Tua compleição sinuosa, provocadora
Desenhos impressos como reconhecimento da Natureza
De que és Obra de Arte

Teus cabelos sintetizam a delicadeza e obstinação
Carregam a essência de onde vieram
Dormem com vitalidade no divo berço
Que és tu

Teu olhar é um Desafio em cada átimo
Essência de independência
O contraste da delicadeza que salta com ferocidade
Vence distâncias e instiga meu corpo

Voarás alto comigo, aonde nunca fostes

5 de fevereiro de 2011

OPA... Silêncio ainda porque agora é minha vez

Eu não sei quem é você; e muito menos quem é seu marido. Só sei que não sou eu. Tudo isso é um terrível engano.
Sabe... eu odeio usar imperativos com as pessoas, mas agora me vejo obrigado a isso. PARE DE ME INCOMODAR, E VÁ PROCURAR QUEM VOCÊ DIZ SER SEU MARIDO.
ESCLAREÇA LOGO AS COISAS, E PERCEBA O ENGANO QUE ESTÁ COMETENDO.
Você deve ser bem insegura pra agir do jeito que está agindo. Eu até posso entender a raiva (cega, certamente), as ofensas... MAS ATINGIR OS VISITANTES DO MEU BLOG, NÃO !!!!! ISSO PASSA DE INSEGURANÇA PRA ALGO MUITO PIOR: MALDADE. Quer atingir o seu marido ? Vai lá então ! MAS ATINGIR OS MEUS VISITANTES, JOGANDO UNS CONTRA OS OUTROS, FAZENDO COMENTÁRIOS ODIOSOS E AMEAÇADORES, NUNCA !!!!
APRENDA UMA LIÇÃO (UMA PESSOA TÃO HUMILDE COMO VOCÊ OUVINDO QUE DEVE APRENDER UMA LIÇÃO DEVE SER DIFÍCIL, CERTO !?): OLHAR PARA O OUTRO COMO PROPRIEDADE SUA SÓ PREJUDICA VOCÊ E TODOS A SUA VOLTA.

E pense bem: se eu realmente não sou seu marido, então não tenho receio do que possa fazer ou do que já esteja fazendo contra ele.
Repito: você cometeu um terrível engano. Busque outra forma de se certificar da verdade. Se seu marido realmente tem um blog, não é este.
Se quiser fazer comentários pertinentes a meus posts, fique à vontade. Mas se continuar como está, os comentários serão excluídos, como até agora.


Peço desculpas a todos os que me visitam. Sem visitantes, meu blog não é nada. Sintam-se à vontade para comentar.

4 de fevereiro de 2011

Gestalt


Sou o mais cálido dia entre tuas noites de luas cheia e minguante...

2 de fevereiro de 2011

Tentos a cada nuance

Encontraram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.
- Bom-dia.
- Bom-dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612.
- É...
- Eu ainda não o conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu o quê ?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muita comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família ?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe ?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora ?
- Isso é incrível ! Como foi que você adivinhou ?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias ?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar ?
- Como é que você sabe ?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo.
- Tranquilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo ?
- Isso você também descobriu no lixo ?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante. Mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada ?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo !
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não ! Você viu meus poemas ?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins !
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela ?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso ?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê ?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão ?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos ?
- É...
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha.
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu ?


(O lixo - O melhor das Comédias da Vida Privada, de Luis Fernando Veríssimo)


1 de fevereiro de 2011

Sim...

Deite-se em minha cama quando quiser...






Vamos prum lounge
Beber um vinho safra ruim
E conversar sobre a tv


Vamos pra longe
Sem se tocar os olhos vão
Se encontrar e se perder









Seja pra um cafuné...




Eu e você assim de perto dá
Pra eu me perder de vez nas tuas tintas
Me dê uma noite, um pouco da manhã
Só pra eu sacar se os olhos mudam de cor







Ou pra fazermos de nossos corpos conflagrações de sensações.



Vamos entrar
A minha casa não é quente
Trago um vermelho pra esquentar


Vamos suar
Com o veneno da serpente
Que eu roubei pra te picar



(Lounge - Maria Gadú)